sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Como um grande borrão de fogo sujo


Como um grande borrão de fogo sujo
O sol-posto demora-se nas nuvens que ficam.
Vem um silvo vago de longe na tarde muito calma.
Deve ser dum comboio longínquo.

Neste momento vem-me uma vaga saudade

E um vago desejo plácido
Que aparece e desaparece.

Também às vezes, à flor dos ribeiros

Formam-se bolhas na água
Que nascem e se desmancham.
E não têm sentido nenhum
Salvo serem bolhas de água
Que nascem e se desmancham.

Alberto Caeiro

 

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